terça-feira

Blues da Separaçao

O que eu fazia na época:

I.

Acordei sozinho, baby
Não vejo mais você.
É, acordei sozinho, baby
Não vejo mais você
Amor de hora marcada
Tão baixo que cheguei...

Onde aqueles olhos, baby,
Eu olho sem te ver
Onde estão seus olhos, baby,
Que os olho sem te ver
Tão longe nessa estrada...
Um homem pode crer

No blues, de madrugada,
Um corpo pra esquentar.
Sim, no blues de madrugada
E um corpo pra esquentar
A alma, tão pesada,
Um copo, um beijo, um par
A uma alma tão pesada
Um copo, um beijo, um par.

II.

Ante o frio dos seus olhos
Eu não tenho o que dizer
É, ante o frio desses olhos, baby,
Não tenho o que dizer
Se você não me perdoa, baby
Não te posso prometer

Mais uma noite dos seus sonhos
Um copo, a cama, o céu
A noite dos seus sonhos
Um copo, a cama, o céu
Não me imprense contra o muro,
Não me force esse papel.

Um homem não é tolo,
A noite me contém.
Um homem não é tolo, baby,
A noite me contém
Melhor viver comigo
A viver como convém.


III.


Mas deixo que me falte
Não posso te prender
Eu deixo que me falte, baby,
Não posso te prender
Amor de hora marcada
Tem hora pra morrer

Não pense que não quero:
Só quero o que puder
Não pense que não quero, baby,
Quero só o que puder
Não posso com esse jeito
Mas amo essa mulher

Que te cante na guitarra?
Talvez te faça um blues...
Que canto na guitarra, baby?
Talvez te faça um blues
Midnight blues, baby,
Mais um Midnight blues


IV.

É assim que a estrada leva
A visão do meu amor?
É, assim a estrada leva
A visão do meu amor...
Fico aqui sozinho, baby,
Vomitando a minha dor.

Mas me lembre um dia, baby,
Seu homem bem te quis –
É, me lembre um dia, baby
Seu homem bem te quis.
Beba um copo, beije outros,
Mas seu homem bem te quis
Beba copos, beije tantos –
Mas seu homem bem te quis.


(in NEVES, Getúlio. Blues, Sonetos e Canções: Vitória, 2005)

segunda-feira

A imprensa cobre o lançamento do CD

Na época do lançamento do CD a banda era já conhecida do público capixaba em geral. Sendo a primeira banda a lançar um cd por aqui, a imprensa não poupava tinta na cobertura das atividades. A Gazeta de 05 de maio de 1993 noticiava o acontecimento:

Urublues lança CD na Ufes

No começo, em Alegre, por conta do Festival de Música, em 1988, Adelino Pires, o “Zoidinho”, tinha um poema, Urublues, que descrevia a relação do urubu com o blues. Nascia ali a banda Urublues, que hoje lança seu primeiro CD, com show às 20 horas, no auditório do Centro de Artes da Ufes. O poema de Pires, musicado por Kaubi, Vito e Ro, abre o disco, que se tornou possível com os incentivos da Lei Rubem Braga e o apoio do Banco do Brasil, do Banco do Estado da Bahia e da Fundação Ceciliano Abel de Almeida.

Nesses cinco anos de existência, a Urublues mudou várias vezes de formação, mas se manteve em atividade regular, realizando shows na Ufes, no Kuarup e em várias cidades do Estado. Daqueles tempos do Festival de Alegre, ficaram apenas o cantor e então baixista Kaubi e o guitarrista Vagner “Toyô” Simonassi. O saxofonista Salsa e o baterista Rodrigo tomaram outro rumo. Agora a banda conta com Getúlio Neves (guitarra), Vaner Simonassi (bateria) e Dodô (baixo), além de “Toyô” e Kaubi e de colaboradores eventuais, como Alexandre Lima (ex-Combatentes da Cidade), que toca sax; Cesar, gaita; Evandro, guitarra; Kátia Brinco, voz; Saulo, guitarra; Mário B., bateria; Léo, baixo e Chico Jr. Programação eletrônica, que participaram de uma ou outra faixa do disco. Juvenal Carneiro de Souza e Vera Lúcia da Silva cuidaram da produção executiva. Seu trabalho viabilizou o disco, efetivado a partir da aprovação do projeto pelas comissões da Lei Rubem Braga.

Kaubi descreve essa trajetória: “Ficamos surpresos com a aprovação do projeto e somente a partir dela iniciamos a produção. As músicas foram compostas especialmente para o disco por integrantes da anda e por amigos comuns”. É o caso, por exemplo, de Festa no Céu, rock divertido de Alexandre Lima e Carlos Papel, que fecha o disco. A tiragem inicial (500 cópias) será utilizada para divulgação da banda e para vendagem em shoes, como o de hoje no Auditório do Centro de Artes e, depois, no Bordel e na Fafi, em datas ainda não marcadas.

Ao contrário do que sugere o título, a Urublues não pretende ficar marcada como uma banda que toca exclusivamente o blues, entendido como uma técnica ou um estilo com características bem definidas. O guitarrista “Toyô” explica: “Estaremos sempre voltados para o blues, na sua essência, mas também trabalhando com suas variações, como o rock e o rhytm & blues. Nossas músicas nascem da influência do que ouvimos. Podem ser baladas, bossa nova e naturalmente muito blues, como na época em que iniciamos o circuito de shows tocando covers de Eric Clapton, Steve Ray Vaughan, Rolling Stones, Deep Purple e Allman Brothers”.

A opção abre um leque de possibilidades para montar um repertório eclético, ampliando o mercado para shows, principal estratégia da Urublues para se manter em atividade. Kaubi identifica algumas mudanças no mercado musical capixaba que são benéficas para sustentar esse propósito: “Antigamente o público reclamava da qualidade das bandas e as bandas da falta de público. Agora, que há público, não podemos nos limitar a tocar apenas músicas dos outros, mas também compor e mostrar nosso trabalho com um repertório próprio, revertendo a tendência existente na noite de o músico tocar apenas o que o público conhece”.

O disco de estreia da Urublues tem nove faixas e para sua produção foram utilizadas 72 horas de estúdio (o Scalla, de Jardim América), entre gravação e mixagem, trabalho também executado pelos integrantes da banda (com o apoio técnico de Paulinho). As faixas são as já citadas Urublues e Festa no Céu, Baby Blues (Getúlio Neves), No Berço dos Allman (Vagner “Toyô” Simonassi), Flores sob o Mal (Alexandre e Jeder), Chegou a Hora (Kaubi), Momentos (Vagner “Toyô” Simonasi), Desculpe Baby (Vaner Simonassi, Kaubi e Getúlio) e Transplante (Kaubi). O disco foi masterizado e prensado na Sony Music, com a impressão na capa de um desenho de Chacal.