segunda-feira

INSTRUMENTAIS, INFLUÊNCIAS... COMENTÁRIOS


Urublues era uma grande festa naqueles dias. Como a primeira banda capixaba da era do cd, todos queriam ver e ouvir, onde chegássemos. E o fato é que, sendo uma banda conservadora, como Rogério Coimbra a rotulou, o público sabia bem o que esperar: uma sonoridade embalada na tradição de puro rock and roll.

Mas não tocávamos clichês: fazíamos releituras, ao nosso jeito, daquilo que gostávamos de ouvir. Houve inúmeras canções que foram ensaiadas e trabalhadas, que tocávamos em determinadas ocasiões, mais para "encher linguiça", porque não tinham a ver, propriamente, com o estilo da banda. Lembro-me, por exemplo, de uma canção de Joe Satriani que o Vagner solava, e de uma canção do Rainbow que eu próprio solava. Canções instrumentais, que tocávamos porque era uma diversão para nós, instrumentistas (ao menos os guitarristas) tocá-las. 

Aliás, canções instrumentais sempre estiveram no repertório da banda na época. Uma delas, e foi bastante executada naqueles dias, foi "Wring that neck", do Deep Purple. 

Mas canções instrumentais serviam, também, para apurar o relacionamento entre os músicos. Quando viajávamos de carro para alguma apresentação e alguém começava a falar demais algum outro pedia: canta aquela do Satriani... era a senha para o fulano calar a boca, é claro, porque a banda de Joe Satriani não tinha vocalista...

Todas as influências eram recicladas e digeridas, como é óbvio. Além das influências pessoais de cada músico, a banda, como instituição, tinha as suas próprias. Meio que inconscientemente, Urublues parecia querer soar como Allman Brothers Band, como Lynird Skynyrd, como Stevie Ray Vaughan. Rock sulista, cheio de influências blues, digeridas ao som de country-rock altamente amplificado.

Penso que era meio isso mesmo, embora na época o meu ideal de perfeição sonora para uma banda de rock que se prezasse fosse a batida, a coesão sonora que o Deep Purple conseguiu alcançar em "Perfect Strangers". Deep Purple era, aliás, a minha banda preferida; Ritchie Blackmore, o cara a se estudar, principalmente pelo modo como se deu a sua evolução posterior para a sonoridade do Rainbow. 

Mas embora não se falasse muito nisso, como éramos duas guitarras na banda, eu procurava sempre observar com atenção Dave Murray e Adrian Smith, a dupla "duelista" de guitarristas do Iron Maiden, por conta de seu fraseado seguro e de seus arranjos sempre acertados.