sábado

Festa no Céu

"Festa no Céu" é outra música de Alexandre Lima, esta em parceria com o Carlos Papel. É que a princípio a gravação seria de um disco em vinil, como acho que já constou em outra postagem, mas surgindo a idéia do cd e viabilizada essa idéia, houve necessidade de mais material. A galera aí gentilmente cedeu a composição, aliás o hit maior do primeiro disco e uma das músicas a que é também associada a imagem da banda até hoje:

Já mandaram avisar a bicharada
Hoje é festa no céu
O Urublues vai levando a guitarra
E Raulzito encomendou o papel
Steve já foi rei na terra
Agora aprende com tio Hendrix no céu
Janis no meio do bafafá
Abre mais uma cervejo no frigobar
O diabo vai ser o porteiro
Disse que não vai nem esquentar
Vai deixar entrar qualquer rockeiro
Quem não tem asas vai ter que pagar
São Pedro vai fazer faxina
Ajoelhou tem que rezar
Cazuza e Lennon numa farra
Tomam conhaque de alcatrão
São João da Barra
Elis vai vestida de luz
Nos tempos da Vera Cruz
De braços dados com Mazzaropi
Meio caipira, e meio robocop

Será que dá pra identificar todo mundo? Raulzito, como era conhecido Raul Seixas; Steve Ray Vaughan, guitarrista texano que tocava um blues vigoroso e era influência declarada dos guitarristas do Urublues; Jimmi Hendrix, o maior guitarrista de todos os tempos, que revolucionou o modo de tocar o instrumento; Janis Joplin, uma voz fenomenal dos anos 60 (já aprontava todas muito antes da Amy Winehouse); Cazuza, o do Barão Vermelho e Lennon, o John, dos Beatles - este último que obviamente dispensa apresentações. Elis é a Regina, cantora que se mantém cult e mãe da Maria Rita (como o tempo passa...) A Vera Cruz era, ao lado da Atlântida, uma produtora nacional de cinema antes do "Cinema Novo", e Mazzaropi - todo mundo sabe - um astro da época, que personificava a figura do caipira. Ah, procure aí na Wikipédia...

Momentos

Quem não tem desilusão amorosa? O Vagner Simonassi descreve uma das brabas aqui, que pode ter sido vivida por qualquer um de nós... esta música era sempre meio complicada de tocar ao vivo, porque tem violão e a regulagem de mais um amplificador no palco era sempre um tanto complexo. Mas era também o "momento calmo" do show, lírico, em que se tomava fôlego para a pauleira final, que era "Chegou a Hora". "Momentos":

Procuro nos olhos
Daquela menina
Aquilo que me fará chorar
Vejo em cada emoção partida
A sede de poder te amar
Momentos vão
Apagar a dor
E o tempo vai
Levar a dor
De um sonho que
Ficou perdido
Nascerá outro de maior valor
As coisas mudam com certeza, baby
E novos caminhos teremos a seguir
Momentos vão...
Todas as vezes que me sinto só
A sua ausência dói bem mais
Percebo então como somos fracos
Diante de um sentimento

Transplante

"Transplante" foi uma brincadeira de Kauby, que na época andava impressionado com a estória do Dr. Frankenstein... não sei se foi mais o experimento pessoal dele, a exemplo do Dr. Victor, ou se foi mais uma reflexão sobre como ele mesmo andava fora de forma (e por isto não parava de se lamentar...)

Estou tão fora de forma
Que não posso falar
Parei de beber
Parei de fumar
Só não parei de me lamentar
É que eu preciso de um tempo
Prá recuperar
O prazer de sentir bem-estar

Quero um bom coração
Preciso de um novo pulmão
Mas só servem se forem
Parecidos com os de Napoleão
Eu posso perder esta guerra
Mas me leve por favor a um cirurgião

Não faz assim, não
Me tira daqui
Porque eu não quero ficar
Aqui dentro de mim
Quero um transplante transcendente
Que ao menos Frankenstein
Saiba que tem um parente

É uma parte que vai
E outra parte que vem
Às vezes ninguém tem
Alguém em você
Você em alguém
Se completam sempre
Muito bem...

Desculpe Baby

Sabe quando dá aquela sujada e você tem que se desculpar? "Desculpe Baby" está até hoje no repertório da banda, logicamente com outra roupagem. É uma parceria entre Kauby, Vaner Simonassi e Getúlio Neves:

Desculpe baby
Eu não volto mais aqui
No fundo eu sei
Que não devo me arriscar
Desculpe baby,
Não posso evitar
Vou cair fora antes que o dia amanheça
Pra que nada de mau
Lhe aconteça

Me chame um taxi, baby
Não tenho aonde ir
Vou duro mesmo
E não quero me atrasar
Você não vem eu sei
Oh baby, eu sei
Vou caminhar tão solitário
Na noite fria
Na escuridão das ruas
Da cidade tão vazia...

Chegou a Hora

"Chegou a Hora", de Kauby, foi uma vez escolhida pelos próprios músicos, antes de um show, e a pedido de um jornalista, como a música que o pessoal mais gostava de tocar na época. Por causa da batida, da energia que gerava no palco e do retorno sempre incrível da platéia, porque geralmente era no final do show:

Chegou a hora
De chegar
Mas vou-me embora
Assim bem devagar
A mente manda
O corpo desobedece
Eu quero mesmo é ficar

Agora não dá mais pra esperar
Não tenho tempo pra esperar
No fundo eu odeio esperar
Acho que vou me desesperar

Tudo aconteceu quase sem querer
Quando anoitece eu só penso em você
Me prenda baby
Quero ser seu refém
Em troca de todo seu prazer

Baby Blues

E "Baby Blues", de Getúlio Neves. Aliás, na época havia até uma brincadeira na banda: ouça o cd e conte quantas vezes o Kawby diz baby...

Às vezes chega um dia
Em que não há o que falar
E as minhas desculpas
Não conseguem agradar
Baby blue
Então saio de casa
Sem ter muito o que fazer
E todas que eu bebo, baby
Eu me lembro de você
Porque as horas que não te vejo
São difíceis de passar
No meio da noite, baby
Eu preciso te achar
Baby blue

As minhas amarguras
São difíceis de morrer
Sozinho na noite, baby
Me lembro de você
As horas que não te vejo
São difíceis de passar
No meio da noite, baby
Eu preciso te achar
Baby blue

A transcrição da letra é a que consta no livro "Blues, sonetos e canções", de Getúlio Neves, publicado em 2005, que reúne outras letras do autor.

Flores sob o Mal

Segue aí a letra de "Flores sob o Mal", de Alexandre Lima e Jeder Jr., um dos hits do primeiro cd:

Oh Baby
Eu já não quero mais falar
De retratos sem sentido
Se toda noite eu fecho um bar

Às vezes eu me pergunto
Se um poema vale mais
Do que o olhar de um vagabundo
Sobre o seu corpo
E o real
Tanta gente
Indiferente
São flores sob o mal
De que adianta ordenar o mundo
Se toda ordem gera o caos?

Agenda de 1993

Segue aí uma agenda completa e oficial das atividades do Urublues por ocasião do lançamento do cd, que achei agora entre uns guardados. A rapaziada que já acompanhava o movimento pop local na época com certeza há de se lembrar de um ou outro destes eventos:


22.04: Entrevista na Rádio Universitária FM;
01.05: Entrevista na Rádio Capital FM
05.05: Show de lançamento no Centro de Artes da UFES;
07.05: Idem;
08.05: Apresentação de entrevista gravada em 05.05 no Canal Jovem da TVE;
22.05: Reportagem no ES Notícias/1.ª edição, da TV Gazeta;
22.05: Show no Bar Art Noveau, em Vitória;
04.06: Apresentação no Cineclube da UFES, na exibição do vídeo "A Rota das Orúídeas", de Clóves Mendes;
05.06: Show "Mar a Tona" na Academia Ponto Um, na Praia da Costa, Vila Velha;
06.06: Show na Feira do Meio Ambiente, no Parque dos Desejos, Vitória;
12.06: Show no 10.º Festival de Música Popular de Alegre, Alegre/ES
18.06: Show no Projeto Via FAFI, na FAFI, Vitória;
19.06: Show no Bar Buana, em Cachoeiro de Itapemirim/ES;
17.07: Show no Dia Mundial do Rock, na Lama, Jardim da Penha, em Vitória;
31.07: Show no 1.º Festival de Inverno de Guaçui, Guaçui/ES;
01.08: Show na Gincana de Bairros promovida pela Prefeitura de Vitória, Jardim da Penha, Vitória;
06.08: Show no Universitária Night Blues, promovido pela Rádio Universitária FM, no Clube Libanês, em Vila Velha, abrindo show de Celso Blues Boy;
02.09: Show no Rock'n Roll Show, no Rollerball, em Itaparica, Vila Velha;
05.09: Show no Coconut's Blues, na Boite Coconut's, em Meaípe, Guarapari/ES;
06.09: Show no Intercom, Encontro de Estudantes de Comunicação, na UFES, Vitória;
25.09: Show no Monster's Bike, na Praia do Canto, Vitória;
02.10: Show em evento particular, na Ilha do Boi, Vitória;
16.10: Show no Festival de Rock promovido pela EMESCAM, no Campus da Faculdade, em Vitória;
27.11: Show em evento particular, em Carapebus, Serra/ES;
16.12: Show no Restaurante Sylvia Sallada and Arts, em evento exclusivo para jornalistas;

quinta-feira

"Urublues no Ar"

O sucesso da banda chamava a atenção nos meios acadêmicos. Rogério Coimbra, pesquisador de música popular, dava notícia do lançamento do cd no n.º 12, de jun 93, da Revista Você, da Secretaria de Produção e Difusão Cultural da Universidade Federal do Espírito Santo:

Urublues no Ar
"O segundo CD capixaba já está circulando: o grupo Urublues já circula sobre nossas cabeças graças ao patrocínio da Lei Rubem Braga (o primeiro foi o do João Pimenta). Uma turma que se reuniu em 1988 na Ufes para participar do Festival de Alegre conseguiu se manter unida para lançar essa gravação realizada durante quase um ano.
O disco não tem título e leva apenas o Urublues na frente, bem como são precariíssimas as informações sobre as participações especiais. É um disco mais de rock do que propriamente de blues, sem o rigor daquelas estruturas de doze compassos ou blue notes.
De acordo com a professora Lucia K., a expressão 'to look blue' (no sentido de revelar ansiedade ou depressão) já era em 1550 nos EUA e, em 1616, havia o registro de blues devils para indicar espíritos maléficos. A turma capixaba não quis saber e apenas caprichou nas canções e baladas roqueiras, afastando qualquer vínculo com os metaleiros e os operadores da tecnopop, preferindo assumir uma postura tradicional. Vejam só, um disco de rock conservador.
Kaubi, como todo Caubi, é bom de voz. O resto é Simonassi: Vagner e Saulo (guitarras) e Vaner (bateria). O baixo é de Dodo e o outro guitarrista é o Getúlio. Há participações especiais como as de Alexandre Lima (sax e teclados), Mário B. (bateria), Evandro (guitarra), Kátia Brinco (vocal), Cesar Távora (gaita) e Chico Jr. (teclados). São nove os temas apresentados, todos originais e bem levados, sem nenhum ranço pesado do blues. É um disco leve que parece saber usar a sabedoria dos urubus, afinal uma ave rara.
O maestro Jobim já fez Urubu e, na época (1975), já alertava que 'urubu mesmo é jereba, um urubu importante, como todo urubu. Mas entre eles, urubus, observam-se prioridades. Provador de venenos, sua prioridade é o risco. O que ele não toca é intocável'. E todo capixaba conhece bem a manha do urubu que voa baixo para fugir da chuva e adora brincar sob o sol. Tal como o Urublues que esbanja ingenuidade e diversão. Nada de urubu malandro, o que faz o disco assimilável e pacífico.
O desempenho de todos os instrumentistas não decepcionará ninguém, ao contrário, há excelentes surpresas. Kaubi e o clã dos Simonassi imprimem a alegria devida numa boa rolagem roqueira. O tributo aos Allman Brothers traduz o espírito da coisa. Que o Urublues se espalhe pela cidade, recolha e destrua o veneno cultural e que (desta vez não há desculpa pela qualidade da gravação) rode, rode, rode bastante nas rádios locais. Vale registrar o esforço e dedicação da produção, de Juvenal Carneiro e Vera Lúcia."

Êh nóis! Grande Rogério!

Divulgação: uma maratona de shows

O calendário era apertado, a banda recebia convites de todos os lados, era contratada para tocar em vários locais em Vitória e no interior do estado, em festivais e eventos. Daquela época guardei registro dos principais shows que a banda fez logo em seguida ao lançamento do cd. Interessante relembrar casas de shows que já não existem mais; uma espécie de rápida crônica da vida noturna de Vitória naquela época poderia até começar por aqui...

- Dia 03/06, no bar Art Nouveau, na Joaquim Lírio, Praia do Canto, 23 hs. O Lordose pra Leão deu uma canja nesse show;
- Dia 04/06, no Cine Metrópolis, às 24 hs. Lançamento do vídeo Rota das Orquídeas, de Cloves Mendes ;
- Dia 05/06, na Academia Ponto Um, na Praia da Costa, às 24 hs. Festa, com a Companhia de Dança Capixaba;
- Dia 12/06, em Alegre/ES. Festival de Alegre, abrindo o show de Lulu Santos;
- Dia 18/06, na Escola de Arte Fafi, em Vitória, às 18 hs.
- Dia 17/07, na Lama, Jardim da Penha, Vitória. Show em comemoração ao Dia Mundial do Rock, com outras bandas capixabas;
- Dia 31/07, em Guaçui, às 22 hs, apresentação no I Festival de Inverno de Guaçui. O Lordose pra Leão também se apresentou no evento;
- Dia 06/08, no Clube Libanês, na Praia da Costa, o show "Aumenta que isso aí é rock'n roll", abrindo a apresentação de Celso Blues Boy. Lordose e Sister Blues também se apresentaram no evento;
- Dia 02/09, no Rollerball, em Itaparica, Vila Velha, às 21 hs. Inconfidentes Banguelas também se apresentaram no evento;
- Dia 16/10, no pátio da EMESCAM, em Vitória, às 22 hs. Show em que também se apresentaram Lordose pra Leão e Inconfidentes Banguelas.

Amigos e a família se espantavam com a quantidade de compromissos. A brincadeira entre amigos tornara-se coisa séria, a banda estava se profissionalizando, a mídia mostrava-se favorável e, felizmente, caíramos no gosto do público. Urublues era a banda mais conhecida do Espírito Santo.

quarta-feira

O cd recebe a primeira crítica

O cd estava na rua, e chamava a atenção. O primeiro crítico a se ocupar dele foi Luis Tadeu Teixeira, que ainda naquele mês de maio de 93 estampou nas páginas do Caderno Dois de A GAZETA a seguinte apreciação da obra:

Recomendável
"Sem estardalhaço ou expor uma pretensão que poderia frustrar o ouvinte, a banda capixaba Urublues lança seu primeiro cd, gravado em Vitória, masterizado e prensado na fábrica da Sony Music do Rio. O disco tem nove faixas e em todas um bom desempenho dos integrantes da banda e convidados. Os temas são leves, de audição agradável, evitando climas pesados ou redundantes. O rock Festa no Céu, com letra bem-humorada lembrando mortos ilustres (John Lennon, Janis Joplin, Jimi Hendrix, Elvis Presley), cultuados por qualquer roqueiro que se preze, evita o pieguismo. Do ponto de vista musical, o disco também está recheado de boas idéias. Podem não ser originais, mas são defendidas com saudável honestidade."

Aprovado o produto, agora também pela crítica, a banda continuava a maratona de shows para divulgação.

Urublues o poema

Reza a lenda que o nome da banda foi tirado de um poema homônimo de Adelino Pires, que acabou musicado por Kawbi, Vito e Rô. Entre muitas besteiras que já foram ditas a respeito disto, a melhor é o que foi publicado num dos dois jornais da época, por ocasião do lançamento do primeiro cd, esclarecendo para o público perplexo o que, afinal, aquele trocadilho significava: o belo poema de Pires "descrevia a relação do urubu com o blues"... O amável leitor que tire suas próprias conclusões a respeito à vista do mesmo poema, que vai transcrito abaixo:


"Numa noite chuvosa
Eu tento encontrar
Algum lugar perdido
Algum porto seguro
Para a solidão.
Fugindo das luzes
Procurando a noite
Ainda levo comigo
A velha guitarra
E toco este blues.
O blues é o frio que sentem
Os homens nus.
É o gosto dos restos que sobram
Para os urubus.
Um operário espremido no ônibus, o pus
Das feridas que a vida cuida
De abrir em nós.
É a dose mais forte
Dos bêbados
É o sopro do vento
Que varre os becos
Esse é o blues.
Choro minhas loucuras
Na mesa de um bar
Tento e não desisto
Da vontade de pirar
Trago em mim a dor
De um canto negro, o blues
Prá saber que as coisas
São mesmo assim".

Um pouco social, um pouco etílico. A primeira vertente foi abandonada, a segunda bastante explorada, e ultimamente até se cunhou pela crítica musical uma expressão que poderia descrever uma das mais longas fases da banda: etílico-mulherengo. Paralelamente, muito instrumental - o primeiro cd já o sinalizava.


O primeiro CD: uma quase-ficha-técnica


Ambos os cds do Urublues foram muito trabalhosos. Estamos falando do primeiro: aprovado o projeto pela Lei Rubem Braga - o que, inclusive, foi recebido com surpresa pela banda, conforme relatou Kawbi à reportagem de A GAZETA, para matéria publicada no dia 05 de maio de 1993 - só a partir daí começou-se a produção musical. Paralelamente, da produção executiva desincumbiam-se os produtores executivos Juvenal Carneiro de Souza e Vera Lúcia da Silva, cujo trabalho acabou viabilizando o disco mediante o apoio do Banco do Brasil, do Banco do Estado da Bahia e da Fundação Ceciliano Abel de Almeida.

O cd "Urublues" consumiu 72 (setenta e duas) horas, entre gravação e mixagem, no Studio Scalla, então em Jardim América. São 09 (nove) canções: Urublues (Kawbi, Zoidinho, Vito, Ro); Flores sob o Mal (Alexandre Lima, Jeder Janotti); Baby Blues (Getúlio Neves); No Berço dos Allman (Vagner Simonassi); Chegou a Hora (Kawbi); Momentos (Vagner Simonassi); Desculpe Baby (Vaner Simonassi, Kawbi, Getúlio Neves); Transplante (Kawbi); Festa no Céu (Alexandre Lima, Carlos Papel). Engraçado é que o tempo inicialmente contratado foi estourado em algumas horas, mas o próprio pessoal do estúdio, Armando Sinkovitz (Porão 22) e Paulinho (Moxuara) à frente, engajaram-se no projeto e estavam, também eles, ansiosos pelo resultado

Na verdade aquele cd foi, àquela altura, uma conquista dos músicos de Vitória, cuja cena musical efervescia de maneira especial naquele momemento. Por isto vários amigos da banda foram chamados a fazer participações especiais, o que muito valorizou o produto final: Alexandre Lima, no sax; César Távora, na gaita; Evandro e Saulo Simonassi na guitarra; Léo, baixo; Mário B., bateria; Kátia Brinco, vocal; Chico Jr., programação eletrônica (na música "Festa no Céu, gravada com bateria eletrônica).

Hoje em dia é fácil considerar (e eu também considero) que a sonoridade final tem pouca "pegada", para o estilo musical que a banda fazia. Mas hoje em dia é fácil falar isso, na época não dispúnhamos sequer de Pro Tools para masterização. A prensagem do cd se fez pela Sony Music, a capa se fez sobre um trabalho do artista plástico Chacal, e ao que me recordo a tiragem foi de mil exemplares.

Atualmente, 15 anos depois, trata-se de um clássico, modéstia à parte...

05 de maio de 1993



Foi no dia 05 de maio de 1993, uma quarta-feira, o primeiro show de lançamento do cd "Urublues". O primeiro, porque muitos outros houve... esse show primeiro foi no Auditório do Centro de Artes, no Cemuni IV, UFES. Hoje, revendo o ingresso, que ainda tenho, recordo-me que o show estava marcado para as 21 horas.

Lembro-me bem que estava eu do lado de fora do auditório, provavelmente esperando algum (a)convidado (a) e chegou uma menina, perguntando o que estava havendo ali. Expliquei, e embora ela já tivesse ouvido falar na banda, que era "cria" da Universidade, ela não me conhecia. Minha primeira decepção...

Vale a pena lembrar, então, como registro histórico, que na época do lançamento do primeiro cd a banda era integrada por Kawbi Figueiredo, vocal; Vagner Simonassi, guitarra; Getúlio Neves, guitarra; Dodo Lee Jones, baixo; Vaner Simonassi, bateria. Perdoem-me todos, mas esta a formação clássica do Urublues, aquela que tornou conhecida a banda e abriu caminho para que outras bandas capixabas pudessem aparecer e pudessem mostrar seu trabalho.

terça-feira

20 anos do Urublues


Este ano, 2008, Urublues faz 20 anos, e era até bom relembrar como tudo começou, o que se fez até aqui, coisas e causos que aconteceram... Urublues foi a primeira banda do Espírito Santo a gravar um cd, "Urublues", lançado em 1993 - 15 anos este ano. Antes, só João Pimenta gravara cd por aqui, como artista solo - se não me engano também pela Lei Rubem Braga, de incentivo à cultura do Município de Vitória.


Urublues foi a primeira banda de blues a ter sucesso no Espírito Santo; gravou dois cds de composições próprias, além de participação em várias coletâneas; é a mais antiga banda ainda em atividade no estado, tem mais de 600 apresentações no currículo. Assistimos a muitos modismos, à ascensão e queda de artistas e tendências, à abertura e encerramento de inúmeras casas noturnas e espaços culturais na Capital e no interior, à criação e derrocada de eventos culturais, a tempos de maior e menor aceitação por parte de público e crítica a artistas e produtos locais.


Então, e já que o pessoal tá querendo fazer um projeto para comemorar condignamente a data, abra-se este espaço para contribuição de todos nós que tivemos a ventura de estar na banda, e quem sabe até não conseguimos reunir material para publicação futura? Afinal, não é só por sermos históricos, nós abrimos caminhos...