segunda-feira

A imprensa cobre o lançamento do CD

Na época do lançamento do CD a banda era já conhecida do público capixaba em geral. Sendo a primeira banda a lançar um cd por aqui, a imprensa não poupava tinta na cobertura das atividades. A Gazeta de 05 de maio de 1993 noticiava o acontecimento:

Urublues lança CD na Ufes

No começo, em Alegre, por conta do Festival de Música, em 1988, Adelino Pires, o “Zoidinho”, tinha um poema, Urublues, que descrevia a relação do urubu com o blues. Nascia ali a banda Urublues, que hoje lança seu primeiro CD, com show às 20 horas, no auditório do Centro de Artes da Ufes. O poema de Pires, musicado por Kaubi, Vito e Ro, abre o disco, que se tornou possível com os incentivos da Lei Rubem Braga e o apoio do Banco do Brasil, do Banco do Estado da Bahia e da Fundação Ceciliano Abel de Almeida.

Nesses cinco anos de existência, a Urublues mudou várias vezes de formação, mas se manteve em atividade regular, realizando shows na Ufes, no Kuarup e em várias cidades do Estado. Daqueles tempos do Festival de Alegre, ficaram apenas o cantor e então baixista Kaubi e o guitarrista Vagner “Toyô” Simonassi. O saxofonista Salsa e o baterista Rodrigo tomaram outro rumo. Agora a banda conta com Getúlio Neves (guitarra), Vaner Simonassi (bateria) e Dodô (baixo), além de “Toyô” e Kaubi e de colaboradores eventuais, como Alexandre Lima (ex-Combatentes da Cidade), que toca sax; Cesar, gaita; Evandro, guitarra; Kátia Brinco, voz; Saulo, guitarra; Mário B., bateria; Léo, baixo e Chico Jr. Programação eletrônica, que participaram de uma ou outra faixa do disco. Juvenal Carneiro de Souza e Vera Lúcia da Silva cuidaram da produção executiva. Seu trabalho viabilizou o disco, efetivado a partir da aprovação do projeto pelas comissões da Lei Rubem Braga.

Kaubi descreve essa trajetória: “Ficamos surpresos com a aprovação do projeto e somente a partir dela iniciamos a produção. As músicas foram compostas especialmente para o disco por integrantes da anda e por amigos comuns”. É o caso, por exemplo, de Festa no Céu, rock divertido de Alexandre Lima e Carlos Papel, que fecha o disco. A tiragem inicial (500 cópias) será utilizada para divulgação da banda e para vendagem em shoes, como o de hoje no Auditório do Centro de Artes e, depois, no Bordel e na Fafi, em datas ainda não marcadas.

Ao contrário do que sugere o título, a Urublues não pretende ficar marcada como uma banda que toca exclusivamente o blues, entendido como uma técnica ou um estilo com características bem definidas. O guitarrista “Toyô” explica: “Estaremos sempre voltados para o blues, na sua essência, mas também trabalhando com suas variações, como o rock e o rhytm & blues. Nossas músicas nascem da influência do que ouvimos. Podem ser baladas, bossa nova e naturalmente muito blues, como na época em que iniciamos o circuito de shows tocando covers de Eric Clapton, Steve Ray Vaughan, Rolling Stones, Deep Purple e Allman Brothers”.

A opção abre um leque de possibilidades para montar um repertório eclético, ampliando o mercado para shows, principal estratégia da Urublues para se manter em atividade. Kaubi identifica algumas mudanças no mercado musical capixaba que são benéficas para sustentar esse propósito: “Antigamente o público reclamava da qualidade das bandas e as bandas da falta de público. Agora, que há público, não podemos nos limitar a tocar apenas músicas dos outros, mas também compor e mostrar nosso trabalho com um repertório próprio, revertendo a tendência existente na noite de o músico tocar apenas o que o público conhece”.

O disco de estreia da Urublues tem nove faixas e para sua produção foram utilizadas 72 horas de estúdio (o Scalla, de Jardim América), entre gravação e mixagem, trabalho também executado pelos integrantes da banda (com o apoio técnico de Paulinho). As faixas são as já citadas Urublues e Festa no Céu, Baby Blues (Getúlio Neves), No Berço dos Allman (Vagner “Toyô” Simonassi), Flores sob o Mal (Alexandre e Jeder), Chegou a Hora (Kaubi), Momentos (Vagner “Toyô” Simonasi), Desculpe Baby (Vaner Simonassi, Kaubi e Getúlio) e Transplante (Kaubi). O disco foi masterizado e prensado na Sony Music, com a impressão na capa de um desenho de Chacal.